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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Intoxicação por Palicourea Marcgravii

Figura 1: Palicourea marcgravii

A Palicourea marcgravii, é a mais importante planta que causa morte súbita (RIET-CORREA, 2001).
Essa planta também conhecida como erva de rato, erva-café, cafezinho, possui um cheiro característicos de salicilato de metila. A P. marcgravii é considerado a planta tóxica mais importante do Brasil, devido a três fatores: sua extensa distribuição geográfica, boa palatabilidade, elevada toxidez e efeito cumulativo (TOKARNIA, 2012).
Na região amazônica, onde morre a metade dos bovinos que são vitimados por plantas tóxicas no Brasil, cerca de 80% desses bovinos são afetados pela Palicourea marcgravii (TOKARNIA, 2012).
Epidemiologia: é uma das plantas tóxicas com maior distribuição no Brasil, não existindo a espécime no Mato Grosso do Sul, região sul do país e algumas áreas do nordeste (TOKARNIA, 2012; RIET-CORREA 2001; SPINOSA, 2008;). 
Figura 2: a espécie bovina é a mais acometida pela intoxicação.
A planta tem como habitat lugares com sombra, e as espécies mais afetadas são os bovinos e búfalo naturalmente (TOKARNIA, 2012). Experimentalmente coelhos, equinos, caprinos, ovinos e ratos podem também se intoxicar (TOKARNIA, 2012).
Princípio tóxico, partes e quantidade tóxica da planta: o acido monofluoracético é o princípio tóxico, sendo os frutos e folhas as partes tóxicas (SPINOSA, 2008;TOKARNIA 2012;). A quantidade letal estabelecida é de 0,6g/Kg (TOKARNIA, 2012; SPINOSA, 2008).
Mecanismo de Ação: o acido monofluruoacético é rapidamente absorvido no trato gastrointestinal. Após a absorção o principio tóxico interfere no ciclo de Krebs, primeiramente,  se ligando ao acetil-coA e transformando-se em fluruoacetil-coA. Logo após se liga com o oxalato, originando o composto fluorocitrato (SPINOSA, 2008). O fluorocitrato inibe a enzima aconitase. A inibição da enzima aconitase interfere na respiração celular e no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios (SPINOSA,2008;TOKARNIA, 2012).
O citrato que está em grande quantidade no organismos, liga-se ao cálcio sérico, e além disso, causa acidose metabólica(SPINOSA, 2008).
Sinais clínicos: morte súbita, principalmente após esforço físico.
Figura 3: bovino em decúbito lateral e com opistótono.
Alguns animais apresentam apatia, anorexia, permanecem deitados, e quando movimentados apresentam cansaço, tremores, taquipneia,ingurgitamento da jugular, opistótono e nistagmo e logo após os animais se deitam e morrem (RIET-CORREA, 2001).
Figura 4: Ingurgitamento da jugular.
Achados de Necropsia: podem ser observados congestão de grandes vasos, congestão e edema dos pulmões e da mucosa do intestino delgado, sendo esses achados pouco específicos, não contribuindo para o diagnóstico (TOKARNIA, 2012).
Figura 5: ingurgitamento da aurícula e grandes vasos. 

Alterações histológicas: alterações circulatórios no fígado e coração não sendo muito frequentes (TOKARNIA, 2012). Já com mais frequência alteração no rim sob a forma de degeneração hidrópico-vacuolar das células epiteliais, em especial dos túbulos contornados distais, com evidente picnose nuclear e marcada tumefação das células, cujo o citoplasma se torna quase imperceptível (TOKARNIA, 2012).
Figura 6: Rim com degeneração hidrópico-vacuolar das células epiteliais
 dos túbulos contornados distais e picnose nuclear.

Segundo Tokarnia 2012, a lesão renal apesar de peculiar, não tem papel importante na determinação da morte e provavelmente só indica o local de maior concentração do princípio tóxico durante o processo de eliminação.
Diagnóstico: se baseia na análise dos dados epidemiológicos associado ao histórico de morte súbita e a lesão renal (TOKARNIA 2012).
Figura 7: Palicourea marcgravii

Diagnóstico Diferencial: Plantas que causam morte súbita, planta cianogênicas como o manihot spp e doenças com evolução superaguda, como o carbúnculo hemático (TOKARNIA, 2012).

Controle e profilaxia: para o controle é recomendado arrancar a planta, quando a quantidade da mesma é pouca. Quando a planta é encontrada nas matas e margens de rios recomenda-se cercar a área. Quando houver suspeita de intoxicação deve-se evitar a movimentação dos animais por um período mínimo de uma semana (RIET-CORREA, 2001). 



Referência

Tokarnia, C. H.; Et al. Plantas tóxicas do Brasil. Rio de Janeiro: Helisnthius, 2012.
Franklin Riet-Correa, Ana Lucia Schild, Maria del Carmen Méndez, Ricardo A. A. Lemos [et al]. Doenças de ruminantes e eqüinos/ - São Paulo: Livraria. Varela, 2001. Vol. II
Spinosa, H.S.; Et al. Toxicologia aplicada a medicina veterinária. Barueri, SP: Manole, 2008.

Imagens

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http://www.scielo.br/img/revistas/pvb/v32n4/08f01.jpg
http://www.ruralpec.com/data1/images/pic3.jpg
http://www.scielo.br/img/revistas/pvb/v30n7/a04fig01.gif
http://www.scielo.br/img/revistas/pvb/v30n12/a04fig02.jpg

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